Haazinu é a última parashá da Torá que é lida num serviço religioso de shabat pela manhã. A parashá Vêzot Haberachá, que é a última de fato, só será lida durante Simchat Torá, concluindo assim o ciclo anual de leituras do rolo da Torá. É interessante que a parashá de Haazinu é bem fácil de ser encontrada, pois se trata de um poema que consiste visualmente de duas colunas escritas lado a lado. A Torá já tinha esse “poema concreto” muito antes dos irmãos Campos e de Décio Pignatari criarem o poema concretismo brasileiro. Há outros poemas editados no texto da Torá, mas Haazinu é a única parashá que é praticamente inteira em forma poética. O tema desse canto é a grandiosidade e generosidade de Deus em contraste com a teimosia e a instabilidade humana.

Nesta Shirá ou cântico, Moshe literariamente se dirige ao povo, em nome de Deus, e revela, de uma forma figurativa, qual será o futuro do povo judeu, a partir de sua entrada na Terra de Israel. O poema pode ser dividido em seis partes. A primeira uma introdução em que Moshe convoca o povo para que ouça e entenda; apos isso, sempre de forma figurada relata as bondades feitas por Deus para com o povo; na terceira parte é descrita a teimosia de Israel que tendo recebido tantas bênçãos acabou muitas vezes abandonando os caminhos de Deus. A quarta parte do poema trata dos males advindos do abandono da busca pela Fonte da Vida. Por fim, as últimas partes de Haazinu tratam da redenção final, quando o povo será finalmente consolado por Deus e reunido novamente em sua terra.

Os temas dessa parashá estão intimamente ligados com o período que acabamos de passar de Asseret Yemei Teshuvá – os dez dias de penitencia. Assim são chamados os dias que vão de Rosh Hashaná até Yom Kipur. Aquele foi um período dedicado à interiorização em busca do verdadeiro sentido da teshuvá que é o retorno e a reconciliação com sigo mesmo, com Deus e com nossos semelhantes. Em geral a parashá Haazinu é lida no shabat, antes do Kipur conhecido como Shabat Shuvá, por causa da leitura do profeta desse dia (Hoshea 14: 2) que começa com as palavras: Shuvá Yisrael – “Retorna Israel para o Eterno teu Deus.” Neste ano, porém, ela será lida no shabat seguinte ao Kipur. Isso noz faz lembrar que ainda estamos em Yamim Noraim, período que começou na lua nova no começo do mês de Elul, o último mês de 5578, e se estende até o final de Sukot que neste ano de 5779, começa no próximo domingo à noite. Antes fomos convidados a trabalhar o perdão agora seremos convidados a trabalhar nossa confiança e capacidade de agradecer.

Shabat Shalom e Hag Sameah para todos!
Rabino Alexandre Leone
Coordinador Pos Graduacion en Estudios Judaicos, Sao Paulo
Unisal- Seminario Rabínico Latinoamericano